Vale a pena voar de classe executiva? Uma reflexão além do conforto
Talvez não exista pergunta mais fácil de responder do que essa. É claro que vale muito a pena voar em melhores condições do que a econômica. Voos de longa distância costumam ser desconfortáveis, a comida é ruim e a tripulação, limitada, que vai se desdobrando para atender bem (ou não) aos passageiros. Essas coisas fazem com que o tempo passe mais lentamente quando se está indo para longe.
Mas a vida não é tão ruim assim na classe executiva. O maior conforto das poltronas, a qualidade das refeições, as bebidas de primeira qualidade e o serviço quase exclusivo ajudam a tornar muitíssimo agradável a experiência de voar.
Tive a chance de viver isso apenas uma vez. Foi em agosto do ano passado, quando ia de São Paulo a Frankfurt, na Alemanha, pela Lufthansa. Na ocasião, ganhei um upgrade (melhoria) da cia, provavelmente por conta de um overbooking (excesso de reservas) para aquele voo. E não vou mentir para você: apenas o fato de poder reclinar totalmente a poltrona e dormir na horizontal já fez toda a diferença. Isso sem mencionar o cardápio diferenciado e as refeições servidas em pratos de porcelana e com talheres de metal. É amigo, a vida nas classes mais altas é muito mais agradável.
Mesmo assim, cabe alguma reflexão sobre esse privilégio todo.
A primeira é mais óbvia: o preço. A não ser que você, assim como aconteceu comigo, ganhe da cia uma poltrona nesse espaço da aeronave, é claro que terá que desembolsar mais por isso. Por exemplo, aquele voo que peguei de São Paulo a Frankfurt, não necessariamente com a Lufthansa, custaria em torno de 2,5 mil reais na classe econômica. Já na executiva, esse valor seria o triplo, saltando para 7,4 mil reais. Melhor nem falar de quanto custaria a primeiríssima classe, né? Quase 40 mil reais* #prontofalei.
A segunda reflexão diz respeito a outro impacto que uma viagem com mais conforto implica. E não estou falando sobre economia doméstica. O papo agora é ambiental. A diferença nas emissões de carbono (CO2), o principal gás causador do aquecimento global, de uma classe para a outra é tão brutal, que dói no coração apenas pensar em pisar dentro qualquer outro espaço da aeronave que não seja a classe econômica. De acordo com a calculadora de emissões de um grande banco, os números por passageiro para a mesma viagem de São Paulo a Frankfurt (ida e volta), com quase 10 mil quilômetros de distância, são os seguintes:
- 1,7 toneladas de carbono (CO2), na classe econômica
- 4,93 toneladas, na classe executiva
- 6,79 toneladas, na primeira classe
Em tempos de mudanças climáticas, não dá para simplesmente ignorar nossa responsabilidade quanto a isso, assim como também não dá para ignorar o preço das passagens em tempos de crise econômica. Então, talvez a resposta correta para pergunta do título desse post não seja exatamente a do primeiro parágrafo.
E quer saber? Tenho certeza de que você sobrevive aos apertos das poltronas mais baratas.